Please use this identifier to cite or link to this item: http://repositorio.lnec.pt:8080/jspui/handle/123456789/1014152
Title: Efeito de pequenos açudes nos movimentos das espécies ciprinícolas potamódromas
Authors: Amaral, S.D.
Branco J P
QUARESMA, A. L.
ROMÃO, F.
Viseu, T.
Ferreira, T.
Pinheiro, A.
Santos, J.
Keywords: Conectividade fluvial;Espécies ciprinícolas potamódromas;Movimentos migratórios;Capacidade de transposição de pequenos açudes;Ecohidráulica
Issue Date: Mar-2021
Publisher: APRH
Abstract: A fragmentação dos cursos de água, imposta pela presença de diversas infraestruturas hidráulicas, é considerada como uma das principais causas de degradação dos habitats aquáticos. Conforme o estabelecido na Diretiva Quadro da Água (Directiva 2000/60/CE), vários estudos têm sido realizados para documentar os diversos impactes dessas infraestruturas nos ecossistemas ribeirinhos, e dessa forma encontrar soluções que possam colmatar ou minimizar os seus efeitos adversos. No entanto, os impactes de pequenas obras hidráulicas nas comunidades piscícolas, tais como dos pequenos açudes (< 5 m de altura), têm recebido menos atenção, pois estas estruturas têm sido consideradas como pequenas barreiras que são a priori permeáveis à livre movimentação dos peixes. Contudo, os pequenos açudes, que se estima serem 2 a 4 ordens de grandeza mais numerosos do que as barragens, modificam a hidrodinâmica natural dos cursos de água, alterando a velocidade da corrente e as profundidades da água, tanto a montante como a jusante da estrutura, formando desníveis que, em alguns dos casos, poderão ser intransponíveis. Na Península Ibérica, as comunidades piscícolas são constituídas principalmente por espécies ciprinícolas potamódromas, que apresentam padrões de mobilidade característicos. Quando comparados com os salmonídeos, os ciprinídeos potamódromos são normalmente considerados como espécies com moderada ou baixa capacidade de transposição de barreiras, devido ao seu limitado desempenho de natação, e pequena capacidade de salto. Portanto, a permeabilidade dos pequenos açudes aos movimentos da fauna piscícola está altamente condicionada pelas condições locais e temporais, bem como pelas características das espécies presentes, tornandose fundamental considerar a complexidade destas condicionantes e desenvolver mais estudos, particularmente para as espécies com capacidades natatórias menos desenvolvidas. Com o presente estudo pretendeu-se avaliar, em condições experimentais controladas, a capacidade das espécies ciprinícolas potamódromas, mais concretamente do barbo-comum Luciobarbus bocagei, de transpor estas pequenas barreiras, considerando as duas tipologias de açudes mais frequentes nos cursos de água Ibéricos – os pequenos açudes de faces verticais, e os açudes rampeados. O desempenho de transposição dos peixes, bem como o seu comportamento aquando da aproximação e transposição destes pequenos obstáculos, foram analisados tendo em conta a influência de parâmetros considerados como preponderantes na transposição destes obstáculos, tais como: a profundidade de água a jusante do açude (D, de 10 a 50 cm), a queda a transpor (H, desnível entre a superfície livre da água a jusante e o topo da soleira do açude, de 5 a 25 cm), e a largura da soleira (W, de 20 a 80 cm), no caso dos açudes de faces verticais; o comprimento da rampa (L, 150 ou 300 cm), e a sua inclinação (S, 10 a 30%), quando se trata dos açudes rampeados. Ainda no caso dos açudes rampeados, foi igualmente avaliada a adição de diferentes substratos ao longo da rampa, como possível medida de requalificação destas estruturas. As diferentes configurações testadas, resultantes da combinação dos referidos parâmetros, foram ainda testadas ao longo de uma variedade de caudais (Q). Os ensaios laboratoriais foram desenvolvidos num canal experimental que se encontra nas instalações do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). Os principais resultados sugerem que, no que diz respeito aos açudes de faces verticais: i) a capacidade de transposição do barbo-comum foi inibida pela ocorrência de baixas profundidades de água a jusante do açude em associação com elevadas quedas de água a transpor; ii) o comportamento de passagem dependeu da combinação de profundidade de água a jusante com a queda de água a transpor; iii) a largura da soleira influenciou as passagens para jusante, mas não as transposições para montante; e iv) o aumento do caudal condicionou o número de transposições bem sucedidas do barbo-comum (Fig. 1). Quanto aos resultados dos ensaios com os açudes rampeados, conclui-se que: i) a transposição foi condicionada pelo aumento do comprimento da rampa, e da sua inclinação, bem como pelo aumento do caudal; e ii) a aplicação de substratos naturais, como pedras, pode aumentar a permeabilidade das rampas à movimentação dos peixes (Fig. 2). Estes resultados são úteis para aumentar o conhecimento sobre a capacidade de transposição destas espécies potamódromas, frequentemente menos estudadas, permitindo compreender os problemas dos pequenos açudes existentes, bem como identificar possíveis obstáculos às suas migrações, devendo servir igualmente para ajudar a desenvolver medidas de requalificação de forma a projetar estruturas mais permeáveis à livre movimentação dos peixes.
URI: https://repositorio.lnec.pt/jspui/handle/123456789/1014152
Appears in Collections:DHA/NRE - Comunicações a congressos e artigos de revista

Files in This Item:
File Description SizeFormat 
[CN28]_2021 15CongAgua Susana AmaralEtAl-4.pdf498.9 kBAdobe PDFView/Open
declaração_TV_EfeitosPeqAcudes.pdf271.2 kBAdobe PDFView/Open


Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.